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Rio vence Praia Clube em final disputada e vence Superliga pela 11ª vez

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Se tem uma coisa que está me incomodando é essa história do Rio ter confirmado o favoritismo. A equipe carioca era favorita? Sim, mas mesmo sendo um pouco difícil entender, a vitória não confirmou este favoritismo. Não houve um 3 x 0 tranquilo como alguns acreditavam que teria. Um colunista em especial já ditava o Rio como campeão virtual da SL 2015/2016 assim que terminou a série semifinal contra Osasco.E para a sorte deste querido esporte, não foi assim.

A equipe do técnico Bernardinho entrou em quadra possuída. Concentrada, firme e explosiva, como um time acostumado a grandes decisões. Com Roberta consolidando a posição de titular conseguida durante a disputa da série semifinal contra Osasco, Natália ainda no on fire mode e um bloqueio que tocava em quase todas as bolas, além de colocar outras tantas no chão, foi com certa tranquilidade que o Rio fechou o 1º set em 25 x 18. Era a alegria de quem achava que seria fácil. Aqueles descabidos que davam o Rio como campeão virtual.

Não foi fácil. Não passou nem perto de ser fácil.

Com um time muito organizado e, embora sem grandes estrelas atuais, o Praia Clube entrou no 2º set decidido a mostrar que não estava ali a passeio e apresentou suas credenciais. Um elenco bastante talentoso e concentrado, liderado pela campeã olímpica de 2008,  Walewska e tendo como referência a ponteira americana Alix e a oposta cubana Ramirez, também medalhista olímpica, o clube mineiro equilibrou a partida, quebrou o passe carioca e cresceu no bloqueio. Com uma arrancada na reta final, fechou o set em 28 x 26 e empatou a partida.

Mais que empatar o jogo, a equipe do bom técnico Ricardo Picinin mostrou que queria o título e ia brigar por ele, de igual para igual.

O grito de independência das mineiras assustou o Rio que pareceu ter subestimado o Praia Clube e levar uma espécie de choque com a reação do time de Uberlândia no 2º set. Ainda desconcentrado, a equipe carioca passou a errar muito, principalmente no passe, enfraquecendo sua defesa e sendo engolida pelo bloqueio do Praia, que dominou toda a primeira metade do 3º set.

Mas aí é como eu sempre digo, o Rio é aquele time que não desiste. Recuperado do susto com a força das mineiras, as cariocas retomaram a concentração e foram buscar um placar que mantinha 4, 5 pontos de distância em favor do Praia. Na reta final do set, o saque passou a entrar, abalou o passe do Praia Clube e em uma sequência de pontos o Rio empatou e equilibrou a partida. Depois de alguns ralis maravilhosos, as cariocas fecharam o set em 28 x 26.

A derrota no 3º set machucou o Praia Clube. Abatido, Ricardo Picinin tentava motivar suas jogadoras, mas ele mesmo também não conseguia esconder a frustração. O Praia Clube demorou a reagir, permitindo que o Rio abrisse frente no placar. Mas essa equipe mineira é excelente. E quando voltou a acreditar em sua própria força, buscou o placar e voltou pro jogo, sob a referência da central Natasha, que pontuou 4 vezes seguidas para as mineiras.

Muito disputado, o 3º set só foi encerrado após os 25 pontos. Depois de alguns match points que o time de Uberlândia conseguiu deter, o Rio finalmente fechou o set em 28 x 26 e a partida em 3 x 1. Um disputadíssimo 3 x 1.

11 títulos de Superliga para o Rio de Janeiro, tetra-campeão consecutivo. Natália, em grande forma e pronta para ser a referência da seleção nas Olimpíadas, foi eleita a melhor da partida. Mas Gabi joga com 70% de sua capacidade aquilo que muitas não jogam com 300%. Monique desabrochou. De reserva contestada poucos anos atrás, tornou-se uma grande jogadora, cheia de recursos e habilidade. Jogadora que não desiste, a cara do Rio. Roberta começou a temporada como reserva de Thompson e terminou como titular absoluta da equipe tetra-campeã. Vive, junto com Monique a expectativa de uma lembrança de Zé Roberto na convocação de amanhã. E se a convocação vier, será mais que merecida.

Fabi já passou dos 30, mas continua jogando como se tivesse 20. Há tempos não se via alguém com um auge tão duradouro. É a melhor das melhores, talvez seja a melhor líbero de todos os tempos, mesmo considerando o vôlei feminino e o masculino. Mesmo o incrível Serginho não é tão fantástico nem teve um auge tão duradouro quando o dela.

Um time que não desistiu. Nem na semifinal, nem na final, nem quando tudo parecia perdido. Venceu, convenceu. Mas o Praia Clube vendeu caro a derrota e merece todos os méritos. Poderia ser ele comemorando. Não foi. Mas poderia, com toda a certeza.